segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Detentos trabalham na revitalização de espaços públicos de Belém



De segunda a sexta-feira, os internos deixam suas celas para fazer a limpeza e revitalização de canteiros e praças da capital paraense.

O trabalho que dá vida e colorido a diversos pontos de Belém pode até passar despercebido por pedestres e motoristas que circulam rápido pelas ruas. Muitos não sabem, mas as mãos que plantam, podam e cuidam de flores e plantas da cidade, cultivam, acima de tudo, sonhos. O desejo de prosperar através deste trabalho é o que move 41 detentos do regime semiaberto, custodiados pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), que fazem parte do projeto Sementes, resultado de um convênio com a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb).
De segunda a sexta-feira, das 7h às 13h, estes homens e mulheres deixam suas celas no Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB) e no Centro de Recuperação Feminino (CRF) para fazer a limpeza e revitalização de canteiros e praças da capital paraense. Em dezembro, o trabalho do Sementes prepara o canteiro da Avenida Duque de Caxias e da Avenida Brigadeiro Protásio, que recebem mais uma etapa da ciclovia que está sendo implantada na cidade. Durante o ano de 2015, o projeto já passou por locais como as Praças Dom Aberto e da Trindade e Conjunto Sideral.
O roteiro dos locais de trabalho do projeto e o acompanhamento técnico são feitos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente.  Já o fornecimento de equipamentos de trabalho, de segurança, treinamento e fiscalização são de responsabilidade da Seurb. A Susipe seleciona os internos e faz a avaliação processual, social e psicológica dos candidatos às vagas.
“Fazemos reuniões bimestrais para avaliar como o trabalho está sendo realizado e também como os detentos realizam as funções determinadas. A intenção é sempre em prol da melhoria da cidade e também da ressocialização das pessoas que trabalham no projeto. No fim, todo mundo ganha. Colhemos resultados positivos desde o início do projeto, tanto é que já soubemos de duas pessoas que, por se dedicarem enquanto trabalharam conosco, já conseguiram outras oportunidades de emprego quando saíram do Sementes. A maior prova de sucesso é que a parceria vem sendo renovada ano a ano”, conta o fiscal do convênio, Fábio Ferreira.

Oportunidade  
Para muitos, o Sementes é a primeira oportunidade de trabalho dentro do sistema penitenciário. Esse é o caso da interna Jaqueline Rodrigues. Há pouco mais de um ano ela já atua no projeto, ajudando no paisagismo de locais públicos da cidade. “Vejo essa oportunidade como um voto de confiança. Saio todos os dias do CRF de manhã e cumpro o meu papel. Por minha família ser de Jacundá e eu não receber visitas, acabo fazendo disso uma terapia. Isso ajuda a passar o tempo que ainda preciso cumprir de pena. Já aprendi muito aqui e hoje até ensino um pouco do que sei para as meninas novatas no trabalho”, diz a detenta.
Prestes a completar dois anos, o Sementes é um dos 25 convênios firmados pela Susipe para oferecer novas oportunidades de trabalho para os internos. “Desde a sua criação, o projeto vem dando bons frutos para os internos e os órgãos envolvidos. Sempre pudemos contar com uma boa equipe de trabalho que se adapta bem ao que é proposto. É uma oportunidade muito importante para a reintegração destas pessoas à sociedade. Por estar ligado à natureza, ele acaba proporcionando momentos de reflexão aos internos”, relata Izabel Ponçadilha, gerente da Divisão de Trabalho e Produção da Susipe.
Depois de passar oito anos no regime fechado, Edson Cavalcante é um dos novatos no trabalho. Desde que foi para o CPPB, há dois meses, ele se candidatou para a oportunidade. “Fiquei sabendo do trabalho e pedi para fazer parte do projeto. Para mim, é uma terapia. Depois de tanto tempo preso, a gente começa a dar mais valor pelo mundo que existe fora da penitenciária. Poder ver a rua todo dia e ajudar a melhorar a cidade, pra mim é uma terapia”, diz Edson.
Desde a sua criação, o Sementes já empregou mais de 240 detentos. Os detentos são remunerados com três quartos do salário mínimo e recebem o benefício da remição de pena, que consiste na redução de um dia de prisão a cada três dias trabalhados.
Timoteo Lopes
Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará

Fonte:
Agência Pará de Notícias

Nenhum comentário:

Postar um comentário